Início Anterior Seguinte
5.1
5.2
5.3
5.4
5.5
5.6
5.7
5.8
5.9
         
         
         
         
         

5 - Transmitir a Mensagem


5.1 Apresentação e Objectivos


Seguidamente trataremos das técnicas para transmitir a mensagem de forma eficaz.

Começaremos por analisar a ferramenta mais frequente na comunicação - a voz, fazendo-se de seguida referência à comunicação não-verbal, fundamental nestas ocasiões. A este nível começaremos por orientar estratégias para a boa apresentação das ideias para depois tratarmos da comunicação gestual. Terminaremos esta unidade com um enfoque na importância da apresentação pessoal no contexto de realização de uma apresentação.

Assim, no final desta unidade deve ser capaz de :

  • Reconhecer a importância da voz e os cuidados a ter;

  • Identificar habilidades técnicas e comportamentais para uma boa comunicação oral e gestual;

  • Reflectir sobre os principais cuidados a ter numa boa apresentação pessoal.


5.2 A Voz – essa forma mágica de comunicação


A voz é o espelho da personalidade humana. É ela que nos apresenta ao mundo, através dos sons. Cada voz é única nas suas vibrações, nos seus tons, na sua textura e musicalidade.

Pela voz, mostramos ao mundo quem somos, o que sentimos e como vemos as coisas.

A voz, associada aos gestos, às expressões corporais, à postura e à fala, compõe um poderoso instrumental da comunicação humana.

Conhecer a própria voz é conhecer um pouco mais de nós próprios, porque ela revela as nossas angústias e os nossos anseios. Quem procura o autoconhecimento tem na voz, que integra a pessoa ao mundo, um meio poderoso para revelar traços essenciais do ser.

Se as palavras transmitem a mensagem intelectual, a voz transmite a mensagem emocional numa linguagem cujas matrizes nos distinguem como personagens únicas da nossa história.

A voz: um instrumento musical

Imagine a voz como um instrumento musical. A harmonia do conjunto sensibiliza-nos e altera tanto o nosso estado emocional que é capaz de mudar até as características do ambiente que nos rodeia.

Assim como a música, a fala é uma obra a ser construída. Não se pode dizer tudo da mesma maneira. No discurso, devemos identificar os momentos que pedem maior ou menor intensidade. Eles quebram a monotonia e destacam o que interessa. Assim como na música, também na oralidade interpretamos o que dizemos. Dois artistas jamais executam a mesma melodia. Com a voz dá-se o mesmo. Encontre a sua voz e destaque-se da multidão.

Use também o silêncio. Fale com ritmo, faça pausas nos momentos estratégicos. Aproveite para recuperar o domínio da voz. A pausa permite controlar acções e a reflexão constante do que foi dito. Como na música, a fala deve reflectir a harmonia entre as partes que a compõem.

Porquê cuidar da voz?

Pessoas que falam em público devem ter certos cuidados para preservar a saúde vocal.

Cuidar da voz significa conhecê-la e usá-la bem; é respeitar o equilíbrio entre o ar que sai do corpo e a força muscular exercida pelas pregas vocais. É tirar dela o melhor rendimento com o mínimo de esforço. Para isso é preciso conhecer também as emoções, que interferem directamente na sua produção.

 

É pela voz que chamamos a atenção das pessoas e por isso é um elemento que pode facilitar ou dificultar a interacção. Juntamente com a linguagem corporal, a voz é fundamental para a boa assimilação da mensagem. Uma voz clara e bem-definida é o caminho para a compreensão do conteúdo.


Cuide da voz como um instrumento precioso, porque o aprimoramento vocal é um requisito do sucesso!

Voz: um instrumento delicado. Assim evite: 

  • Fumar. O cigarro não combina com boa voz. O fumo agride as pregas vocais, provoca irritação, pigarro e tosse.

  • Beber. O álcool prejudica a saúde vocal porque anestesia as cordas vocais.

  • O ar condicionado. A humidade do ar diminui, resseca a garganta e a laringe e danifica as pregas vocais. A exposição prolongada vai exigir um esforço maior em detrimento da qualidade vocal. Beba muita água em temperatura ambiente.

  • Líquidos e alimentos muito frios ou quentes. As temperaturas extremas causam choque térmico e agridem as pregas vocais.

  • Roupas apertadas. Causam desconforto e dificultam a respiração. Deixe o pescoço o mais livre possível de acessórios, bem como a região do diafragma. Evite usar cintos ou faixas que dificultem a respiração.

  • Falar ao telefone prendendo-o ao ombro. Os músculos ficam tensos e impedem a livre passagem do ar.

  • Falar em locais barulhentos. O segredo da boa voz está na capacidade de determinar, de acordo com as circunstâncias, o seu melhor volume.

  • Forçar a voz. Se estiver rouco, faça repouso de voz e, se isso não resolver, procure um especialista. Ele poderá indicar exercícios e orientá-lo a produzir uma voz melhor. O trabalho preventivo evitará problemas futuros.

  • Ansiedade e tensões bloqueiam a passagem de ar e atrapalham os movimentos circulares. Quanto mais relaxado o corpo estiver, mais harmoniosa será a fala.

  • Locais poluídos. Caminhe ao ar livre e procure respirar profundamente para alcançar harmonia física e mental.

  • Falar muito. É um hábito prejudicial às pregas vocais. Durante todo o dia, faça exercícios ao seu tipo de voz. Não faça três horas num dia e depois fique semanas sem praticar. O segredo do aprimoramento da voz é a circunstância e a perseverança. É muito comum perder total ou parcialmente a voz depois de falar por longo tempo. Isso é um sinal para procurar ajuda profissional. Sempre que possível, faça repouso vocal – descanse a voz.

  • Gritar constantemente. Gritar é um hábito extremamente prejudicial à saúde vocal e pode causar sérios danos às pregas vocais. Tente evitar isso o máximo possível.

  • Excessos nocturnos. Nada como uma boa noite de sono para descansar a voz. Não seja o único a falar numa festa. Não entre em competições vocais. Para pessoas com dificuldades vocais, o remédio, às vezes, é simplesmente ficar quieto ou falar devagar.


5.3 Apresente Bem as Ideias


Como vimos, a fala deve soar como a boa música: o ajuste entre as partes e a força da mensagem une-se à afinação do som e à harmonia melódica. É fundamental procurar o equilíbrio entre os diversos elementos da comunicação oral, como o ritmo, a intensidade, o conteúdo, a emoção, a tonalidade, a articulação, a velocidade, o timbre, a flexibilidade vocal e a pronúncia para traduzir as especificidades da mensagem.

Além disso é preciso unir a técnica à naturalidade para uma transmissão mais autêntica e construtiva.

Habilidades Técnicas

 

  • Comece a falar vigorosamente, com entusiasmo, demonstrando o prazer pela oportunidade que está a ter. Esteja presente por inteiro;

  • Articule bem as palavras, mas não exagere nos movimentos do rosto e músculos da face;

  • Fale sem esforço, mas para ser ouvido por toda a assistência;

  • Comece a falar vigorosamente, com entusiasmo, demonstrando o prazer pela oportunidade que está a ter. Esteja presente por inteiro;

  • Articule bem as palavras, mas não exagere nos movimentos do rosto e músculos da face;

  • Fale sem esforço, mas para ser ouvido por toda a assistência;

  • Neutralize as barreiras verbais evitando: falar muito baixo ou muito alto; muito depressa ou devagar; pronunciar errado termos estrangeiros; usar vícios de linguagem: “tá?”, “não é?”, “ok?”, “certo?”, “entendeu?”, “percebe?”, “isso!”, “tipo assim...”, “a gente...”, “portanto”; falar como um robô; cometer erros gramaticais; comer os “esses” e “erres”; expressar-se sem objectividade e clareza; usar termos técnicos para público leigo; não levar em conta o momento, o local e o meio mais oportuno para transmitir a mensagem; baixar a voz no final das palavras e das frases; não enfatizar as ideias principais; não terminar as frases;

  • Se possível utilize os verbos na voz activa;

  • Evite os superlativos;

  • Prefira os substantivos. Os adjectivos em excesso enfraquecem a frase;

  • A fala deve despertar imagens visuais para um efeito mais marcante;

  • Seja sincero e tenha convicção no que diz;

  • Desperte o interesse dos presentes com bons argumentos, bom vocabulário e boas figuras de linguagem;

  • Faça com que as palavras penetrem fundo nos ouvidos, na mente e no coração do público;

  • Não divague; evite que a assistência se pergunte “e o que eu tenho a ver com essa história? Não tenho motivos para prestar atenção…”. Para manter o interesse do público, apresente argumentos interessantes, motivadores e seja criativo;

  • Demonstre autoridade em relação ao assunto. Seja senhor daquilo que fala, proprietário do conhecimento;

  • Evite detalhes em excesso. A apresentação tem um corpo estrutural. Não faça dos atalhos os personagens principais sob risco de perder de vista o eixo das ideias;

  • Seja um presente motivador para os presentes, surpreendendo-os;

  • Fale com a assistência e não para a assistência, procurando a sintonia com as pessoas;

  • A expressão do rosto deve ser a mais leve possível.


Habilidades Comportamentais

 

  • Não tenha medo do silêncio, das pausas. Ele é importante para realçar o assunto e dar espaço à assistência para reflectir. A pausa não é ausência de texto. Ela serve para valorizar o que veio antes e preparar o interlocutor para o que virá a seguir;

  • Se a informação for muito complexa, fale mais devagar; se for mais simples, fale mais rápido. A velocidade da apresentação deve atender às necessidades do texto. Se acelerar, a assistência perderá o interesse se não entender a mensagem. E se se arrastar muito, falar muito devagar, os ouvintes poderão sentir sono e desinteresse. Varie o ritmo da apresentação;

  • Procure ter a assistência como companheira. Dê-lhe motivos para sentir-se bem com o que ouve, vê, experiência e sente;

  • Se perceber na cara dos espectadores um ponto de interrogação e desconforto físico, resuma os pontos principais abordados até então e abra espaço para perguntas.


5.4 Gestos – Identidade Corporal


Nós não temos um corpo, nós somos um corpo! Um corpo vibrante que respira, sente e se enternece, um corpo vivo que reflecte o que somos.

O nosso corpo fala! E como fala! Ele capta tudo, de todas as maneiras. Aponta a mentira da palavra, desnuda as falsas convicções, arranca máscaras e expõe as verdades inconscientes através da linguagem expressiva. A postura, as expressões faciais, os movimentos dos olhos, do rosto, das pernas, das mãos, enfim, qualquer gesto, por mínimo que seja, traduz o que as palavras muitas vezes não conseguem expressar.

A Importância da Linguagem Corporal nas Comunicações

Enquanto estiver a planear uma apresentação, nunca perca de vista a intenção dos gestos e a movimentação que acompanhará a mensagem oral. O domínio corporal facilita a transmissão da mensagem para a assistência e propicia a comunicação. Os gestos e as expressões faciais, a postura e a movimentação corporal servem para:

 

  • Descrever, complementar e reforçar as ideias;

  • Embelezar a fala;

  • Substituir palavras;

  • Dar mais dinamismo à comunicação;

  • Expressar sentimentos;

  • Favorecer o entendimento;

  • Promover a interacção com a assistência;

  • Facilitar a transmissão das mensagens.


Para que se cumpram estes objectivos, a linguagem corporal deve ser natural, clara, expressiva, pertinente e harmoniosa.

Auto-análise Corporal

A análise da própria linguagem corporal permite identificar os pontos fortes e fracos da nossa comunicação. Daí a importância de se responder às questões:

  • Como eu me vejo fisicamente? Aceito, aprecio e valorizo este corpo que sou eu? O que acho mais bonito nele? O que rejeito em mim?

  • Quais as qualidades que mais aprecio em mim?

  • O que quero mudar em mim, física e psicologicamente?

  • Os sinais que emito nos meus gestos, na mímica facial, no olhar, na postura, na respiração e na maneira como uso o espaço revelam o ser humano que penso ser?

  • Qual a primeira impressão que as pessoas têm de mim?

  • Quando as relações interpessoais se aprofundam, o que muda daquela primeira impressão?

  • Eu gosto de me olhar ao espelho? Gosto da imagem reflectida e do que ela transmite?

  • Procuro o feedback da imagem que transmito?

  • Quando vou começar o meu processo de mudança?

  • O que farei para mudar?

 

Essa auto-análise ajuda a avaliar o actual estágio do comunicador e fornece os pré-requisitos para estimular o desenvolvimento da linguagem corporal.


Habilidades Técnicas

Para minimizar as barreiras não-verbais nas apresentações em público:

 

  • Deixe o cenário da apresentação livre para não correr o risco de tropeçar e poder ser mais natural. Estude o espaço com antecedência;

  • Estabeleça uma zona de conforto na sua área de actuação para se movimentar com tranquilidade;

  • Não enfie as mãos nos bolsos nem as cruze na frente ou nas costas;

  • Mentalmente, divida a assistência em A, B, C e D. Primeiro, olhe para o público como um todo, depois para cada sector; todos, indistintamente, deverão receber atenção visual;

  • Fique atento para que os gestos estejam alicerçados numa ideia que os fortaleçam e ganhem significado na transmissão da mensagem. O gesto precisa ter um objectivo, um motivo, para dar forma ao conteúdo. Faça gestos que convidem a uma receptividade da assistência;

  • Evite ficar de costas para a assistência. Mantenha a cabeça erguida e olhe sempre para a assistência. Não olhe para o tecto e muito menos para o chão;

  • Evite sentar-se durante a apresentação. Em pé, a energia está mais concentrada e a linguagem corporal é mais evidente. Apoie-se sobre as duas pernas, que devem estar paralelas. O peso da estrutura corporal ficará igualmente distribuído sobre os dois pés;

  • Imagine o corpo sendo puxado por dentro, por um fio que vai do chão ao tecto. É um fio flexível e elástico que alonga o corpo numa postura elegante e natural.

  • Ande naturalmente pela área de actuação, mas sempre ligado à assistência, que acompanha todos os movimentos. Por isso faça movimentos harmoniosos e delicados, mas energéticos.

  • Deixe o gesto fluir naturalmente. É a mensagem que requisita o movimento gestual;

  • Sintonize o gesto com a palavra, procurando um equilíbrio. O movimento deve complementar e reforçar a palavra;

  • Os gestos jamais substituirão a falta de conhecimento sobre o assunto. A movimentação gestual pode acentuar, dar mais vida à mensagem, mas não substituir o discurso propriamente dito;

  • Evite erguer os braços acima da cabeça e movimentar as mãos além da altura do peito, a não ser que esteja num espaço muito amplo.

  • Atenção para os gestos repetitivos. O excesso de gestos repetitivos pode transformar-se numa barreira visual;

  • Lembre-se de que as expressões faciais e as mãos são grandes facilitadoras da comunicação.


Habilidades Comportamentais

 

  • O movimento corporal do comunicador incita os movimentos da assistência. Paixão gera paixão, vitalidade gera vitalidade, apatia gera apatia, entusiasmo gera entusiasmo;

  • Cuidado com os gestos contraditórios! Se o objectivo é reforçar o espírito de união, a linguagem gestual deve dar forma, cor, textura e consistência a essa ideia;

  • Procure seguir os elementos reguladores da gesticulação:

    • Os espaços pequenos e descontraídos pedem gestos menores;

    • Os espaços abertos, grandes e formais pedem gestos amplos.

  • Existe um gesto para cada emoção;

  • Os gestos vigorosos traduzem sentimentos mais intensos;

  • Construa uma ponte entre a essência do gesto e a força da mensagem. Trabalhe pelo gesto vital, o movimento que dá beleza, plasticidade, consistência e força simbólica à mensagem: gesto e palavra devem estar sintonizados com a excelência do processo comunicativo;

  • Não basta que o corpo se expresse, é preciso que ele se comunique de forma eficaz. Alcançaremos esse objectivo se tivermos coragem de fazer uma análise objectiva da força e da agilidade da nossa comunicação não verbal;

  • Se o momento, o local, o meio e tipo de mensagem permitirem, tenha sempre um sorriso sincero nos lábios e no olhar;

  • A expressão corporal acentua o magnetismo pessoal do comunicador. Aprender a valorizar a mensagem para cumprir uma função primordial nas comunicações, que é torná-las multidimensionais;

  • Se é uma pessoa serena, a movimentação externa tenderá a reflectir isso. Se é mais energético e extrovertido, a linguagem corporal também reflectirá isso. Observe se a movimentação gestual está de acordo com os traços específicos da personalidade, se há um equilíbrio entre gesto e fala e se a comunicação corporal atende as necessidades da assistência;

  • Evite a postura de subserviente: os ombros caídos, o olhar baixo, as costas curvadas e uma expressão de desamparado não contribuem para uma comunicação efectiva. Em contrapartida, um nariz empinado, olhos ameaçadores, queixo erguido e ar de superioridade costumam criar um distanciamento da assistência e uma certa animosidade.


5.5 As Expressões Faciais que Falam


O rosto e as expressões são focos constantes do interesse da assistência.

Os músculos da face precisam de ser constantemente exercitados para manter a flexibilidade. A rigidez muscular endurece a expressão e impede uma comunicação mais fluida e expressiva.

As expressões faciais servem como um mapa para a assistência. São o termómetro das emoções do comunicador, das quais se depreendem a afectividade, a segurança, a autoridade sobre o assunto, o entusiasmo e a crença na mensagem que está a ser transmitida.


O jogo fisionómico expressivo desperta o interesse e prende a assistência, envolvendo-a numa sintonia fina que valoriza a força da apresentação.

Habilidades técnicas

 

  • Faça caretas para distender os músculos faciais;

  • Feche os olhos e ponha as mãos sobre eles, para relaxar a região;

  • Observe o rosto no espelho enquanto fala e verifique as expressões, como a boca se movimenta;

  • Procure deixar rosto solto, sem tensões, para funcionar como uma tela das ideias que defende.


Habilidades comportamentais

Exiba o sorriso mais bonito.

Quanto ao sorriso, a raça humana tem pelo menos três divisões. A das pessoas de riso fácil que em geral fixam uma imagem mais simpática. A outra é das pessoas que transitam com facilidade entre o riso e a seriedade. E por último estão as pessoas com expressão facial tensa e pesada. Sorria com vontade, com naturalidade.

Nas comunicações em público, mesmo que o assunto seja árido, deixe os músculos faciais relaxados e ganhe uma expressão mais leve. Se o assunto permitir, exiba o seu melhor sorriso, aquele que reflecte o seu lado mais bonito. O sorriso espontâneo e natural é um convite ao público: “A porta está aberta, seja bem-vindo!” Os espectadores tendem a sentir-se mais à vontade perante pessoas com sorriso franco, receptivo. A ligação com a assistência deve dar-se no âmbito dos pensamentos e sentimentos para gerar acções racionais e emocionalmente equilibradas.


5.6 As Mãos em Movimento


Saber usar as mãos como um recurso expressivo valoriza a mensagem e enriquece a comunicação. Elas complementam e dão mais vida à exposição. Após os minutos iniciais da apresentação, as mãos vão-se soltando naturalmente, dando forma visual ao pensamento.

Habilidades Técnicas

 

  • Deixe que as mãos acompanhem naturalmente a fala. Esses movimentos vão ilustrar um pensamento, reforçar as ideias;

  • Não tenha gestos exagerados nem estereotipados. Se não souber o que fazer com as mãos, simplesmente deixe-as soltas. Aos poucos elas encontrarão espaço para se expressar;

  • Antes da apresentação, exercite as mãos, abrindo e fechando, procurando a flexibilidade muscular;

  • Não passe as mãos pelo nariz, no rosto e nos cabelos; isso indicia tensão e ansiedade.


Habilidades Comportamentais

 

  • As mãos devem reflectir a beleza das ideias. O desenho por elas traçado promove a ligação harmoniosa entre o que diz e os gestos.

  • As mãos revelam o grau de excitação, nervosismo ou tranquilidade do comunicador. É, portanto, importante fonte de informações para o público.



5.7 O Poder Persuasivo do Olhar


O ser humano gosta de ser olhado, valorizado e aceite. Estabelecer um diálogo visual com o público, demonstrando que se está aberto à aproximação, é criar empatia e estabelecer um canal de atitudes receptivas. Olhar e ser olhado revela aproximação, e isso assusta. Gerir esse medo é um sinal de maturidade psicológica. Quando olhamos com interesse e amizade para a assistência, é como se disséssemos: eu aceito as suas diferenças e quero interagir da forma mais produtiva e harmoniosa que puder.

Um contacto visual eficaz é directo, empático, procura o diálogo. Esse diálogo silencioso, quando se realiza, abre espaço para um clima de confiança entre comunicador e público.

Habilidades Técnicas

                  


 

  • Não olhe só para um lado da assistência, mas para onde houver pessoas. Faça-as sentir-se vistas e lembradas. Elas gostam disto. Não permita que o seu olhar se afaste do público por mais de 15 segundos, sob pena de a assistência perder interesse pela mensagem;

  • Olhe, mas não encare o público. Isso pode parecer um desafio. Olhe de forma natural e tranquila. Antes de começar a falar, sinta a assistência através do olhar, e durante a introdução e a conclusão não tire os olhos dela. Mas não fixe uma só pessoa para não a deixar inibida. Sorria através do olhar. Descubra em si mesmo razões para que seus olhos se tornem pontes de afectividade e simpatia;

  • Fique atento à linguagem corporal dos participantes para saber o que querem dizer. Olhe com tranquilidade para cada um (se a assistência for pequena) e não afaste o olhar do espectador enquanto não concluir a frase;

  • Olhe para a assistência, e não por cima das cabeças. Os olhos existem para promover o diálogo silencioso da interacção visual;

  • Se perceber um olhar hostil entre os ouvintes, evite entregar-se a essa energia nociva. Imediatamente desvie o olhar para participantes mais receptivos.


Habilidades Comportamentais

 

  • Olhar para a assistência implica despojar-se dos próprios medos e baixar as armas e defesas para uma comunicação receptiva. Se estiver muito tenso e agitado, eleja alguém da assistência que tenha um comportamento receptivo e volte o seu olhar para ela durante os primeiros minutos da apresentação. Receba a mensagem positiva que ela lhe enviar e internalize essa mensagem como uma referência à qual possa recorrer quando precisar;

  • Não olhe de rosto em rosto. Fixe-se um pouco em cada um. Não olhe de um lado para o outro ou a assistência ficará perdida;

  • Não transforme o olhar numa ameaça pública e nem ataque para se defender. As pessoas são cordiais por natureza e a assistência costuma torcer em seu favor. Não use o corpo como uma arma contra a audiência;

  • Não se esquive do olhar da assistência para que os ouvintes não entendam como insegurança, timidez, inibição. Se transmitir essa imagem, vai enfraquecer o trabalho;

  • A conexão visual dá a possibilidade de ler o que está a ser dito pelo público de uma forma não verbal. Por isso, os espectadores não podem sentir-se abandonados no olhar; eles gostam de se sentir vistos;

  • Permita que o olhar se abra para a assistência num leque democrático;

  • Procure conhecer o impacto que o olhar provoca nas pessoas. Inspira medo, respeito, alegria, bondade, raiva? Saber o que o contacto visual promove pode ajudar no processo comunicativo.


5.8 Vestindo-se para o Sucesso


As roupas e os acessórios que escolhe para usar e como os usa fazem parte dos elementos da sua revelação ao mundo. Antes de a assistência o ouvir, ela vê-o e sente-o. A aparência física não pode ficar em segundo plano na composição da imagem do ser humano e do profissional de sucesso que se pretende ser.

O comunicador é um ponto de referência para a assistência por ser um formador de opinião. Assim sendo, a aparência é um dos itens que contam na avaliação do grau de profissionalismo nas relações interpessoais. Pesquise muito o tipo de roupa que lhe fique melhor e que está de acordo com a imagem que pretende passar ao público. Lembre-se que as roupas devem vestir naturalmente, incorporar-se ao jeito de ser de cada um.

Cuidar bem da aparência pessoal, compatível com a posição de comunicador, é uma questão de sensibilidade e de inteligência.

Se concorda com a frase: “quero que gostem de mim pelo que sou, e não pelas roupas que visto”, procure repensar essa posição. A não ser que já seja um orador consagrado, de prestígio reconhecido, lembre-se sempre de que se a primeira imagem for favorável, a assistência prestará mais atenção no apresentador.

Vestir-se adequadamente, com critérios bem definidos, fará sentir-se mais seguro e confiante quanto ao desempenho profissional. O cuidado consigo mesmo é sinónimo de auto-estima elevada e respeito por si mesmo. A roupa que escolhe para vestir deve ser usada a seu favor, como outro recurso de comunicação. Seja uma pessoa reconhecidamente elegante!


5.9 Auto-avaliação


Nas opções de resposta apresentadas em cada uma das perguntas seguintes assinale aquela que lhe parece a mais correcta.

1. Os gestos, o olhar, as expressões faciais, a postura e a movimentação:

São coisas a que ninguém está atento;
Servem para descrever, complementar e reforçar ideias e como tal têm uma importância fulcral;
São de segunda importância, já que o que importa é o conteúdo da mensagem a transmitir.

Resposta:     




2. A voz:

É um instrumento que pode facilitar ou dificultar a interacção;
Não pode ser trabalhada. Cada um tem a que tem…;
É o único instrumento não-verbal que tem relevância nas apresentações em público.

Resposta:     




3. Para apresentar bem as nossas ideias devemos:

Apresentar informação muito detalhada;
Falar vigorosamente, com entusiasmo;
Falar muito alto, para que todos ouçam sem excepção.

Resposta:     




4. Ao falar é de todo conveniente:

Baixar a voz no final das frases, para manter a assistência “presa” ao discurso;
Utilizar termos técnicos ainda que com um público leigo, para mostar o domínio do conteúdo;
Não cometer erros gramaticais e evitar vícios de linguagem.

Resposta:     




5. No discurso devemos preferir:

Os superlativos;
Os substantivos;
Os adjectivos.

Resposta:     




6. Para minimizar as barreiras não-verbais devemos:

Dividir a assistência por sectores, depois de olhá-la como um todo;
Dividir a assistência por sectores e depois olhá-la como um todo;
Não dividir a assistência e olhar para todos, sem excepção.

Resposta:     




7. A postura correcta do orador deverá ser:

Em pé;
Sentado;
A circular, dum lado para o outro.

Resposta:     




8. Os braços:

Devem ser erguidos acima da cabeça para mostrar energia;
Não devem ser erguidos acima da cabeça, nem ser cruzados;
Podem ser cruzados nas costas, mas nunca na frente.

Resposta:     




9. As mãos:

Podem ser enfiadas nos bolsos para esconder o nervosismo;
Devem acompanhar a fala, naturalmente;
Podem ser passadas pelo rosto e pelo cabelo. Ninguém notará.

Resposta:     




10. A forma como nos vestimos:

Não interessa na avaliação do nosso grau de profissionalismo;
Se for exuberante, joga a nosso favor;
Deve ser discreta e adequada à situação.

Resposta: