Iniciamos este curso propondo que se conheça melhor como orador. Pretende-se,
pois, que descubra os seus recursos comunicacionais: a voz, o olhar, os gestos,
a postura e a forma como se movimenta.
Quanto melhor nos conhecemos, identificando os pontos fortes e os pontos
fracos, mais facilmente nos libertaremos das inibições e tensões que bloqueiam
a comunicação.
Após a realização do auto-diagnóstico, trataremos os aspectos essenciais sobre
os medos de falar em público, que procuraremos tratar com um conjunto de
indicações de acção corporal a implementar.
Assim, no final desta unidade deve ser capaz de :
Fazer o auto-diagóstico em termos de capacidade comunicativa;
Compreender melhor o porquê de eventuais receios de falar em público e como os
ultrapassar.
2.2 Fazer o Auto-diagnóstico
Antes de iniciar a leitura desta unidade, queremos convidá-lo a reflectir sobre
o potencial e a competência comunicativa.
Lembre-se sempre que em comunicação nada é imutável, um ponto hoje considerado
como uma dificuldade, se for bem observado e trabalhado vai transformar-se em
facilidade amanhã.
Assim, passo a passo, a partir da reflexão sobre o seu potencial comunicativo,
procuraremos que se consciencialize dos aspectos mais fortes e mais frágeis da
comunicação. Durante esta unidade poderá ainda descobrir caminhos facilitadores
para apresentações de sucesso.
Que tal conhecê-los agora?
Responda e reflicta sobre cada questão seguidamente apresentada.
Esperamos que tenha assinalado à
maioria das perguntas. Se não, o objetivo deste curso é exactamente fornecer as
técnicas e os instrumentos para desenvolver o magnetismo, o carisma e a
persuasão nas comunicações formais e informais.
2.3 Quem tem Medo de Falar em Público?
Imagine-se num teatro lotado. Acendem-se as luzes. A cortina abre-se. Um cheiro
de estreia paira no ar. A trilha sonora derrama Pavarotti, preenchendo todos os
espaços. Os olhos da plateia acendem-se. O FOCO É VOCÊ!
Quais as sensações? Tensão, nervosismo, timidez, olhar perdido, boca seca,
tremeliques, mãos suadas, vontade de desistir, adrenalina, tudo parece uma
bolha gigante e ameaçadora?
Não se preocupe: o que lhe esta a acontecer é absolutamente
normal!
Falar em público inclui-se entre as situações que mais geram ansiedade,
preocupação e sentimentos de impotência para gerir os próprios actos. O medo e
a sensação de perigo aumentam desproporcionalmente. É a forma que o corpo e a
mente encontram para se protegerem das ameaças. Trata-se de uma desnutrição
emocional que pode ser tratada.
As pessoas mais tímidas tendem a super valorizar os possíveis riscos. Assim, o
novo e a possibilidade de mudança tornam-se assustadores. Os hábitos
quotidianos formam cadeados protectores, aliados convenientes para o comodismo
e endurecimento de velhos padrões de comportamento. Dessa maneira, quando nos
cabe a tarefa de nos apresentarmos em público, o pavor de enfrentar uma plateia
pode castrar a possibilidade de sucesso.
Os motivos desse temor são:
Perfeccionismo;
Nervosismo;
Auto-imagem negativa;
Excesso de autocrítica;
Barreiras verbais e não-verbais;
Sensação de ridículo;
Instabilidade emocional;
Desmotivação para superar desafios;
Cobranças internas e externas;
Inexperiência na função;
Apresentações anteriores frustrantes;
Medo da responsabilidade proveniente do sucesso;
Falta de prática, bem como de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias
à comunicação eficaz.
O poder das palavras é incontestável. Tocar a mente dos ouvintes exige
perspicácia, disciplina, sensibilidade. Transformar, valorizar ideias,
expressar-se correctamente e com criatividade fortalecem o marketing
profissional.
Portanto, nada mais inteligente e sensato do que planear
estratégias para a actuação, que tornem o acto de falar para grupos um
privilégio e não um castigo.
2.4 Plano de Acção Comportamental para gerir medos e
inibições
Quando decidimos romper barreiras, temos sempre um processo complexo pela
frente.
Vamos então, traçar um plano de acção para rever os nossos comportamentos
actuais que vão auxiliar nessa mudança:
Fortaleça a auto-estima.
Se a comunicação é a essência do comportamento humano e a projecção da
personalidade, se o quanto e como o indivíduo gosta de si mesmo regem esse
comportamento, a auto-estima definirá a estrutura do "eu comunicador". O ideal
é partir da premissa de que se merece respeito e crédito do público. Assim,
quanto maior a auto-aceitação, mais condições haverá de ser activo perante as
barreiras. A forma como o orador actua é produto da auto-estima.
Valorize os pontos fortes.
O que a pessoa pensa de si própria centraliza as oportunidades de equilíbrio,
ou não, perante as tensões. Falar em público significa expor-se a julgamentos.
Em consequência, é necessário um trabalho constante de valorização dos próprios
pontos fortes. Respeitar-se, valorizar-se são aspectos essenciais.
Tome a decisão de vencer as dificuldades típicas de quem se apresenta em público.
Aceitou o convite, mas ainda enfrenta as barreiras erguidas por medos e
inseguranças. Fique tranquilo, pois mesmo as pessoas que já fazem isso há muito
tempo sentem isso. Cada apresentação é sempre uma noite de estreia.
Reconheça e identifique as suas barreiras e os seus medos.
Por exemplo, “quando preciso apresentar-me em público, sinto-me ameaçado,
ansioso e inibido, mesmo sabendo que tenho condições para uma comunicação de
qualidade”.
Procure enfrentar os sentimentos corajosamente.
Quem quer crescer precisa de promover mudanças internas e externas que visem
ampliar o círculo de actuação comunicativa e sair da zona de conforto, na
procura de comunicações mais produtivas.
Deixe a mente solta e registe todos os sentimentos que o acto de falar em público
desperta em si.
Seja dor, excitação, constrangimento, inibição, sentimento de inferioridade,
instabilidade emocional, desejo de fugir, vontade de transferir a
responsabilidade.
Quando receber um convite, encare-o como um desafio.
Esqueça-se do medo e ouse. É a oportunidade de crescer. Planeie, organize e
treine. Só assim vai melhorar a actuação como comunicador.
Analise-se prospectivamente.
Como pretende ver-se daqui a um ano? Que progressos quer fazer? Que
dificuldades suprimir? Quanto tempo está disposto a investir, que estratégias
pretende criar? Que tipo de ajuda vai precisar? Essas informações servirão de
base para planear, preparar e, por fim, avaliar a apresentação em público. Elas
dirão que imagem tem hoje, que imagem quer ter no futuro e, entre uma e outra,
qual é o sinal de coragem, de determinação, para vencer os desafios e ousar
realizar as mudanças.
Crie objectivos tangíveis.
Diga, por exemplo, “quero superar os meus pontos frágeis para me tornar um
comunicador de sucesso. Só tenho a ganhar com isso, porque ocuparei espaços que
até agora deixei vazios, por comodismo ou por medo. Chegou a hora de dizer
presente. Pegarei nos meus medos e vou minimizá-los, graças à disposição que
tenho para superar os meus próprios limites! Serei mais ousado e assertivo”.
Marque um dia para iniciar o plano.
Determine um tempo para concretizar o plano de acção de forma efectiva.
Defina e planeie estratégias facilitadoras.
Por exemplo, ler em voz alta sobre assuntos variados, participar em cursos de
liderança, de técnicas vocais e teatrais, de comunicação verbal e não verbal.
Decorar poesias, praticar a arte de ouvir e conversar socialmente, aprender
técnicas de planeamento e apresentações em público, consultar um especialista
para uma análise vocal, munir-se de pensamentos positivos, procurar o feedback
das comunicações mesmo que negativos, inspirar-se em pessoas que admira como
comunicadoras, olhar-se mais no espelho, observando a postura, os olhares, as
expressões faciais.
Crie um método para medir os resultados que evidenciem a conquista dos objectivos
propostos.
Por exemplo, ter o prazer de se superar, apresentando-se com confiança,
naturalidade e entusiasmo, e por isso receber novos convites.
Faça uma avaliação de todo o processo.
Reveja o plano de acção, verifique a necessidade de realizar mudanças ou
correcção; tenha persistência e determinação e não desista das metas e dos
objectivos.
Não tenha medo do sucesso!
Não se boicote a si mesmo escondendo-se sob a máscara do medo. Não tenha tanto
medo de errar nas comunicações. Só quem faz, quem ousa, pode errar. O “não” já
existe, antes de tentar. Experimente o prazer de investir no excitante caminho
dos riscos e ouvir o “sim”.
Poderá assim gerir muito bem o seu sucesso. Brilhar não é pecado!
2.5 Auto-avaliação
Nas opções de resposta apresentadas em cada uma das perguntas seguintes,
assinale aquela que lhe parece a mais correcta.
1. Os receios de falar em público:
Ocorrem
com todos, mesmo com os que têm muita experiência;
Ocorrem
somente com quem é inexperiente no conteúdo;
Ocorrem
somente com os mais tímidos.
Resposta:
2. Alguns dos motivos responsáveis pelo medo em falar em público são:
O medo do
sucesso, a estabilidade emocional e o nervosismo;
Experiências
anteriores frustrantes, o medo do sucesso e a experiência que se tem no
conteúdo;
O
perfeccionismo, a auto-imagem negativa e a sensação do ridículo.
Resposta:
3. É possível traçar um plano comportamental para gerir medos e inibições. Uma
das acções que podemos levar a cabo é:
Ignorar e
fingir que está tudo bem;
Reconhecer
e identificar as nossas barreiras e os nossos medos;
Não
valorizarmos os nossos pontos fortes, realçando sempre os nossos pontos menos
fortes.
Resposta:
4. Fortalecer a auto-estima:
É teoria;
É para
os mais fracos;
Favorece
a auto-aceitação e ajuda a ultrapassar barreiras.
Resposta:
5. Definir e planear estratégias facilitadoras, como o ler em voz alta e o
frequentar cursos de formação nas mais variadas áreas:
É para
quem precisa e para quem tem tempo;
Não faz
qualquer sentido;
É uma
das acções que podemos implementar para gerir o medo e as inibições.