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5 - A Produção


5.1 Apresentação e Objectivos


É chegado o momento da produção. Aqui vamos analisar o papel e importância do produtor, da equipa técnica e artística, bem como de alguns cuidados a ter na gestão do orçamento e do calendário. Vão estar em causa também as questões técnicas da produção ao nível captação de vídeo/áudio.

No final desta unidade deve ser capaz de :

  • Perceber o decisivo papel do produtor e as formas mais adequadas de relacionamento a estabelecer;
  • Conhecer a composição da equipa técnica do produtor e a importância do casting;
  • Reflectir sobre os principais elementos que compõem o custo do projecto e a sua importância na gestão do orçamento na fase de produção;
  • Conhecer as formas mais correctas de fazer a captação de vídeo e áudio.


5.2 O Produtor


Existem produtores de vídeo localizados nas áreas metropolitanas. Geralmente os seus serviços são oferecidos independentemente da sua localização. Isto apresenta diversas questões. Como se localiza um produtor? Não são todos o mesmo?

As diferenças entre produtores pode cingir-se às espécies e dimensões das suas facilidades; à viabilidade de talentos literários, interpretativos ou técnicos, à quantidade de equipamentos que possuem, à sua reputação financeira e aos tipos de vídeos que criam. Produtores profissionais, são pessoas de negócio especializadas em comunicação visual. Ou possuem ou são capazes de localizar os talentos e os equipamentos necessários para a feitura de um vídeo.

Alguns produtores podem ter mais experiência na criação de certos tipos de vídeo ou de certos géneros estéticos. Os seus talentos variam. Mas a pergunta mantém-se: “Como encontrar um produtor?”.

Provavelmente a melhor forma é perguntar a alguém que tenha patrocinado um vídeo. Um cliente satisfeito é a melhor referência de um produto. Se possível, falar a diversos produtores, ver os seus trabalhos, observar as suas facilidades e deixar referir os seus êxitos. Dispenda algum tempo para localizar o seu produtor.

Como abordar o seu produtor

Reprima a tentação de perguntar logo ao produtor: “Quanto é que custa?”. Ele estará a tentar apreender especificamente; o que, quando, onde, porque e para quem esta a pensar que necessita de um vídeo.

Além disso é necessário algum tempo para que se conheçam bem um ao outro. Diga ao seu produtor aquilo que deseja alcançar (o seu objectivo específico). Se o seu objectivo é excessivamente generalizado, ele poderá torná-lo mais ajustado. Ele poderá dizer-lhe se o seu objectivo é atingível. Juntos determinarão como é que o vídeo atingirá esse objectivo. O produtor, poderá então dizer-lhe o que necessita de si para preparar um esboço ou sinopsis. O primeiro passo na criação do trabalho real.

Nesta altura do planeamento é evidente que se tem de falar em orçamentos em termos gerais. O seu produtor, deverá ter uma clara compreensão das suas limitações orçamentais, antes de preparar uma sinopsis realística.

Se a sinopsis requer uma investigação a determinado nível, por parte do produtor, é costume o financiamento pagar por isso.

Esta sinopsis ou resumo, destina-se a dar ao financiador uma visão do caminho que o vídeo deve percorrer para alcançar o objectivo. É como um esquisso, um mapa de estradas descrevendo mais ou menos como deve ser coberto um território. Apesar de não servir como base para uma estimativa dos custos finais, pode ser usado para detectar desvios sérios do seu orçamento já aprovado.

Uma vez aprovada a sinopsis, o passo seguinte consiste na preparação de um tratamento. Um tratamento não é um guião e não detalha as cenas individuais. O seu objectivo é dar-lhe o tom dos diálogos principais e uma ideia geral da forma como se desenvolverá visualmente.

O guião ou script vem a seguir. Contém o diálogo falado, completo, ou o comentário falado mais a descrição da parte visual, a música, os efeitos de som e os efeitos ópticos. Pode não conter a direcção de cena, os ângulos da câmara, etc. Isto pode ficar para o guião e o story board.

Vídeo, é essencialmente imagens em movimento e não palavras em movimento. Muitas pessoas, estão orientadas num sentido discursivo e facilmente transformam uma narrativa breve mas eficaz, numa grande prosa. As palavras somente ajudam a reforçar o impacto racional e emocional da parte visual. A imagem é que transporta a maior parte da mensagem.

É importante que cada passo da execução de um vídeo, seja aprovado pela autoridade máxima da organização patrocinadora. Isto inclui a aprovação do objectivo, da sinopsis, do tratamento e do guião.

É importante assegurar a aprovação dos detalhes técnicos. Se forem obtidas as aprovações de uma forma planeada e ordenada, será possível ultrapassar os auto-proclamados “peritos”, cujas ideias podem atrasar, confundir, tirar força e eficácia da mensagem ou aumentar os gastos do filme.

Certamente conhecem a história da sopa de pedra...

Como reembolsar um produtor

Embora existam muitas variantes de contrato de produção de um vídeo, parece haver duas formas mais usadas na generalidade.

  • Contrato por fases múltiplas;
    • Neste caso, compra-se a habilidade de um produtor para conceptualizar. Na realidade compra-se a ideia, o tratamento e o guião. Estes tornam-se seus, para aproveitar como melhor entender. Se gostar do guião e puder ser produzida dentro do seu orçamento, o passo seguinte seria a assinatura do contrato para a produção do vídeo.

  • Contrato de produção completa;
    • Compra-se a ideia e a sua produção. Mas estes contratos geralmente têm duas cláusulas de desistência.
    • A primeira habilita-o a cancelar o contrato se desaprovar o guião final. Se o fizer deverá pagar ao produtor um preço pré-estabelecido. O guião então será seu e a parte do contrato de produção será nula.
    • A segunda cláusula de desistência diz respeito ao orçamento. Como o custo de um vídeo só pode ser calculado com exactidão após a sua planificação, especificando então ao produtor a margem de custos e os prazos, o contrato poderá também ser anulado. Uma vez mais pagará apenas o acordado até à planificação.

Alguns destes problemas poderão ser evitados se seguirmos algumas destas indicações:

  • Especifique claramente o seu objectivo;
  • Seja específico;
  • Conheça quem irá realizar o vídeo;
  • Confie no seu produtor;
  • Dê-lhe todos os pormenores;
  • Seja franco e completo;
  • Ele deverá conhecer os seus problemas, tão bem como conhece as decisões finais;
  • Aceitando estes conselhos, não só poupará tempo e dinheiro, como conseguirá um vídeo muito mais eficaz.

Produção

Uma vez aprovado o guião, a planificação e o contrato assinado, o patrocinador, está liberto da maior parte dos detalhes da produção que inclui desde horários, escolha e preparação de cenários, iluminação, equipes de filmagem, estúdio e locais, viagens, escolha de intérpretes, etc.

É da responsabilidade do produtor, cuidar da planificação e execução de todos estes pormenores de forma apropriada e atempada.

Se o guião exigir que determinadas cenas sejam rodadas nas próprias instalações do patrocinador, este deve ser prevenido desde o início para que se cuide dos preparativos necessários.

O patrocinador deverá acompanhar a produção do vídeo na fase de captação de imagens. Sendo dispendiosa a edição do vídeo e os efeitos, o patrocinador acompanhará também esta fase crucial da pós-produção, assegurando com o realizador, o cumprimento dos objectivos do guião.

A aprovação final é feita com uma primeira cópia com imagem, efeitos e som. Deve ser verificada o equilíbrio da cor, luminosidade, nível e qualidade do som. Feita a aprovação, tiram-se as cópias para distribuição/exibição.


5.3 Selecção da Equipa Artística e Técnica


Geralmente, um produtor tem uma equipa técnica com quem costuma trabalhar:

  • Dispõe de um Produtor Executivo com experiência, capaz de “orquestrar” o bom funcionamento da produção. Apoiando e fazendo cumprir as tarefas planeadas.
  • Um Realizador, cujas características ou experiência anterior se adequam ao vídeo em questão. Sabendo como interpretar o guião e indicar ao operador os ângulos ou movimentos da câmara mais adequados.
  • Operador, saberá pôr em prática as intenções do Realizador. Sendo o primeiro espectador, confirmará ou não a qualidade do plano acabado de captar.

Apesar de toda esta criatividade em jogo colidir com a disciplina tão necessária para a execução de uma obra, os seus elementos já estão habituados a esta forma de ser e de estar com profissionalismo.

O Casting

Através de anúncios ou por convite, o Casting é um teste em vídeo, para aferir da fotogenia e a qualidades vocais e capacidade de interpretação.

Para cada tipo de vídeo e consoante o papel, procura-se o personagem mais adequado. Em determinadas situações, os intérpretes deverão ser os próprios profissionais em causa. Só eles é que saberão exactamente, como trabalhar com determinado equipamento ou executar determinadas tarefas.

Tratando-se de uma obra colectiva, deve-se fazer uma reunião geral com toda a equipa. Dar a conhecer os objectivos do vídeo e estar aberto a novas sugestões, desde que estas não façam afastar daquilo que estava previsto. Deixar que os elementos da equipa se conheçam uns aos outros.


5.4 Controle das Despesas e do Calendário


O controle das despesas, torna-se uma tarefa tanto mais fácil, quanto melhor foi feito o orçamento. Quanto mais minuciosa a listagem de despesas, melhor se poderá quantificar os custos.

Basicamente, os custos aplicam-se em:

  • Equipamentos:
    • Câmara e acessórios;
    • Estúdio;
    • Iluminação;
    • Charriots; etc.

Sendo comprados, saem mais caros mas tornam-se numa despesa fixa. Sendo alugados, poderá sair mais caro, caso hajam atrasos na rodagem.


  • Escritórios:
    • Electricidade;
    • Telefones;
    • Fax;
    • E-mail;
    • Despesas de correio;
    • Pessoal de escritório; etc.

  • Salários:
    • Equipa técnica e artística (intérpretes).
    • Geralmente são pagos semanalmente.

  • Materiais e Serviços:
    • Cassetes;
    • Seguros;
    • Transportes;
    • Autorizações;
    • Consumíveis; etc.

Calendarização

Inicialmente é feita para dar o número total (bruto) de dias. Na prática, para entrar em vigor tem de indicar exactamente quais as datas em questão. Caso surjam situações imprevisíveis, deverá haver suficiente flexibilidade e criatividade por parte do produtor executivo em encontrar outras opções. Uma equipe parada custa caríssimo.

A ordem de captação dos planos poderá não ser pela ordem que vem no guião. É mais importante a ordem dos cenários, evitando pesadas e desnecessárias deslocações da equipa e dos equipamentos, num vaivém que só atrasa e encarece. Infelizmente, é nos acidentes com os transportes que se criam atrasos, desmoralização e um conjunto de factores que atrasam e encarecem a produção.


5.5 A Captação Vídeo/Áudio


A folha de serviço define o que se vai fazer ao longo do dia. Ela é distribuída no dia anterior pelos diferentes membros da equipa, determinando o local e a hora de entrada de cada um. O horário de entrada poderá ser selectivo.

Geralmente, o director de fotografia e os electricistas, são os primeiros a apresentarem-se para fazerem a iluminação. O realizador, interpreta o guião e imagina a melhor forma de captar as cenas. Praticamente vão-se captar cenas, que são numeradas (número de cena) e para cada repetição, haverá outra numeração correspondente à 1ª, 2ª, 3ª,etc. vez (take). O título do vídeo e estas duas numerações, figuram numa claquete por alguns instantes no início do plano. A anotadora registará estes dados que serão importantes na edição. O operador poderá ter na câmara um monitor, facilitando o visionamento das imagens “in loco” ao realizador.


Câmara com monitor



O director de fotografia, na sua arte de “pintar com as luzes”, deverá utilizar o contra-luz de forma a fazer realçar os cabelos negros dos intérpretes sobre um fundo escuro.


Efeito “contra-luz”



O porta filtros com pala impede que o contra-luz atinja directamente a frente da objectiva. Em exteriores, o uso de um filtro polarizador diante da Zoom, melhora a qualidade das imagens tirando os reflexos.

Os filtros, para além do efeito visual a que se destinam, servem de protecção à superfície exterior da Zoom, com a camada anti-halo.


O uso de filtros polarizadores permite imagens sem reflexos




Com e sem filtro polarizador



A utilização do filtro degradé azul, torna o céu muito mais intenso fazendo sobressair as nuvens. Neste caso deve-se evitar movimentos de câmara sobretudo as panorâmicas verticais.


Imagem sem e com utilização de filtro degradé azul



A camada anti-halo existe na superfície das lentes com qualidade e serve para melhor absorver a luz, tornando a objectiva mais luminosa. Evita que a luz que passe através dela se decomponha no espectro das cores primárias.

Na luz branca decomposta em RGB, podemos ver o efeito, quando se reflecte numa superfície opaca amarela ou quando atravessa uma superfície transparente amarela.


Lentes com camada anti-halo nas superfícies




Luz branca reflectida em superfície amarela ou filtrada



O Realizador além de visualizar o vídeo, transmite ao Operador os ângulos da câmara, os movimentos desta e o tipo de plano (enquadramento). Cabe-lhe conduzir os intérpretes e transmitir-lhes a intenção do plano por forma a obter as expressões adequadas. Um ensaio prévio ajuda na colocação e movimentação do intérprete.

Por vezes torna-se necessário informa-lo de que está em grande plano, o que requer maior atenção na expressão facial e movimentos menos bruscos por forma a não sair do enquadramento. As câmaras vídeo para arrancarem, necessitam de recuar alguns segundos (pré-roll), por forma a embalar a cabeça e a fita magnética até à velocidade normal. Nesse instante é que a cabeça magnética começa a gravar. Nesta operação perde-se alguns instantes do plano final anterior.

Por esta razão, quando o Realizador dá a voz de “Câmara”, deixará alguns segundos para se efectuar o pré-roll, antes de dar a voz de “Acção”.

Os intérpretes devem ser instruídos no sentido de não entrarem logo em cena a fim de não sobrepor com a voz de “Acção” do Realizador. Terminada a interpretação, deve manter a postura do momento por mais alguns instantes de forma a facilitar o corte na Edição. À voz de “Corta” do realizador deverá deixar-se decorrer alguns segundos para o pré-roll do próximo plano.

Sequência de enquadramentos

A sequência de enquadramento: Plano Geral, Plano Médio e GP, é relativa.

Para um écran grande como no cinema, optaríamos pela sequência da esquerda. Para uma sequência televisiva, seria o da direita em que o GP é maior que o da esquerda.

O Realizador deve prestar atenção à Continuidade:

  • Continuidade na história ou tema.
  • Continuidade no assunto.
  • Continuidade no pensamento.
  • Continuidade no interesse.
  • Continuidade no tempo.
  • Continuidade no estado de espírito.
  • Continuidade na construção.
  • Continuidade no suspense.
  • Continuidade na iluminação.
  • Continuidade dos personagens.
  • Continuidade nos cenários.
  • Continuidade da acção.

Um vídeo não é uma simples junção de planos.

Na sequência que se segue, o espírito nostálgico é obtido pelo badalar dos sinos no campanário.

Os ramos das árvores compõem o enquadramento. Por entre as folhas, passam timidamente alguns raios de sol.

O plano geral mostra o aspecto bucólico do campo.

O elemento humano compõe a sequência.

Na prática, durante a rodagem do plano do campanário, deve-se deixar decorrer bastante tempo antes de desligar a câmara. Isto tem como objectivo captar o som ambiente que se prolonga pelos planos seguintes.


Sequência de planos que cria um ambiente



5.6 Auto-avaliação


Nas opções de resposta apresentadas em cada uma das perguntas seguintes assinale aquela que lhe parece a mais correcta.

1. Na produção de um vídeo, o Produtor é:

Quem o financia ou patrocina.
Quem prepara a Sinopsis.
Quem coordena a equipa de filmagens.


Resposta:     





2. O Casting é?

O processo pelo qual se escolhe o Produtor.
A escolha dos adereços e do guarda-roupa.
Um teste para verificar capacidades de interpretação.


Resposta:     





3. Das seguintes afirmações qual é a mais correcta?

Na fase de produção do vídeo a gestão do orçamento não é muito importante, pois depende da calendarização.
Atrasos na rodagem implicam normalmente derrapagens no orçamento.
A calendarização da rodagem deve ser sempre bastante flexível.


Resposta:     





4. Qual das seguintes frases é falsa?

Um “Take” significa a ordem de filmagens das cenas.
Os filtros melhoram a qualidade das imagens tirando os reflexos.
Um vídeo não é uma simples junção de planos.


Resposta: